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Channel: Marie Claire - Fale com ele » fim do namoro
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Homem sofre diante de rejeição e separação? Como? Eles são ou não são sensíveis?

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Meninas, tenho um amigo de muitos anos. Desses que fizeram das barreiras, das distâncias, das travas, das vergonhas e das machices, farelo, farinha e paçoca. Ele conta tudo, conta daquele jeito, mas conta.

Ele contou, por exemplo:

“João, cara, João… Que dureza, que tristeza, que coisa difícil. Dia desses vi um seriado. Fazia tempo que não via. E me deu vontade. Mas, cacete, João, era o seriado que eu via com ela, saca? Com a ex…”

Ah, meninas, as pequenas coisinhas mínimas da vida a dois. Ter um seriado em comum, ter um restaurante, uma festa, um lado da cama, um edredom. O que sobra quando o casal ganha um hífen e vira ex é uma sobra complicada, dolorosa nas minúcias, nos detalhes. Pequenas faquinhas de cotidiana tristeza, não é?

Sei que meu amigo disse o que disse e eu entendi e ele continuou:

“Cara, me bateu um negócio… Pô, não consegui ver direito. Mas pomba, eu quero ver. Já passou tempo. Mas ver o seriado me faz lembrar dela, por outro lado, não tenho vontade de voltar, nada disso, você sabe… Mas eu não sei… Eu vejo o seriado e lembro dela, mas se não vejo o seriado, vai ser por causa dela e isso, pra mim, é uma prisão… E eu não sei o que faço, diabo…”

Diabo mesmo. O inferno vive sempre no passado, meninas.

+ Fale com Ele:  Como reagir quando ele para de fazer sexo com você?

UMA NOVA TEMPORADA

O ponto, meninas, é que deixar o passado dormir no passado é um negócio meio impossível. Eu diria aqui o mesmo que disse ao meu velho amigo: deixa fazer casquinha. Enfrenta o seriado, enfrenta a memória. Se for insuportável, deixa o seriado pra lá. Mas sou a favor de combater as memórias do passado e a um leve esforço de ignorar, de fazer o cérebro, o coração, os membros entenderem, aos poucos, num teatrinho de si pra si, enganando o próprio espelho, dizendo: vamos lá, uma hora passa, um episódio de cada vez.

Porque é isso e é assim: o primeiro episódio, a primeira temporada da vida sem a pessoa que fazia tanto sentido e hoje é a mais completa sandice, a mais completa incoerência, esse primeiro episódio, essa primeira temporada doem como o diabo. Mas vem a próxima terça, a próxima terça ganha outra, e um episódio sucede o outro, o seriado anda, a temporada acaba e um dia, quiçá, a memória, a lembrança que o seriado sugeria do ex vira uma fumacinha só um pouquinho amarga, uma lembrancinha de um passado que doeu, fez sorrir, mas passou e é assim mesmo.

Enfim. Vai passar. Deixei meu amigo respirar e desabafar.

“A PEGADA”

O ponto mesmo aqui, meninas, o ponto que quero dizer aqui hoje é uma outra novela. E a novela se chama “A Pegada”.

Meninas, no post passado, um comentário pingou aqui pedindo, reclamando, convocando homens com mais pegada. E que numa tal terra feminina existiria apenas homens que frequentam bares, que conversam com outros homens como homens, que têm neuras, mas uma neura, sei lá, meio barbada, meio cheia de pelo, uma neura com cavanhaque.

Eu imagino o que passa na cabeça da nossa amiga leitora. Ela deve pintar na cuca a cena de homens entre homens como uma festa de salsichas, com sujeitos coçando o nariz com ossinho de frango, conversas que seriam um código morse de arrotos. Na terra fértil da fértil mente da nossa amiga leitora, homem tem pegada, homem precisa ser bruto, homem não sofre, ou se sofre, sofre como uma criança, um bebê: dê a ele um seio, e o choro vira um imenso mamar.

Ah, meninas, que engraçada essa imagem que algumas têm dos machos.

Engraçado mesmo.

E triste.

E calma.

Parte dessa culpa é nossa. Homens fazem um imenso, um infindo teatro pra mostrar pra vocês, e sobretudo pra eles mesmos, pra gente, ser o que não somos. O negócio, meninas, é que no fim, descascando, e não precisa ir nem tão fundo, muito antes de atingir as canelas, um homem revela o que vai em sua alma. E sabe o que é?

É uma alma igualzinha a sua, diferente, mas igual.

Homem se tortura o tempo todo. Homem leva tempo pra soltar o que ele é doido pra soltar: uma dor, uma vontade de pedir ajuda, assumir que é fraco também, que não sabe batatinha do que a gente tem que fazer pra viver, ser feliz, comer calzone, pão de batata, essas coisas…

Meninas, um homem é uma mulher e uma mulher é um homem, dois lados duma mesmíssima moeda que precisa se esforçar pra manter os clichês valendo.

Descascados, são iguais.

+ Fale com Ele: O que faz um homem deixar a vida de solteiro por você?

MORTE E VIDA SINUELO

Não achem que homens não sofrem. Não pensem que meninos não choram. Uma conversa de vestiário pode comportar toda a filosofia do mundo.

Menos preconceito, mas menos preconceito daquele tipo de preconceito que parece piada, parece besteira, mas é gigante: se você espera um homem com pegada – e seja lá o que isso queira dizer -, se homem que é homem é um poço de bruteza, você já vive num paraíso tão completo que não sei exatamente por que você está aqui, entre nós. Não digo no blog. Digo neste planeta. Porque bruteza, pegada, homem tosco, homem que finge que é uma pedra pra esconder a montanha de interrogação que ele leva dentro de si, se o mundo que você quer é um mundo habitado por esse tipo de rapaz, você vive num paraíso.

Seja feliz e celebre hoje a sua imensa sorte. Sugiro até um jantar. Um tinto forte. Uma vida toda Sinuelo.

Tem uma dúvida cruel? Escreva para marieclaireonline@gmail.com


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